“Preciso de um tempo!” – Num relacionamento amoroso, esta frase é um clássico já desgastado pelo tempo de uso ao longo de várias gerações por pessoas que pretendem distanciar-se do par que, em determinado momento, escolheram para viver um romance.
Embora seja já um termo bastante velho e óbvio acerca das intenções de que o acciona, a maioria das pessoas que recebem estas palavras ainda não tem a capacidade de entendimento no momento que estão dentro desta “bolha conflituosa”, pois de acordo com a explicação “tradicional”, este “distanciamento” aparentemente temporário acontece quando uma das partes se sente “confusa” nos sentimentos que nutre pela outra pessoa.

Mas será mesmo que a pessoa que pede um “tempo" tem dúvidas acerca do que sente?
Ou será que está apenas a esconder uma possível intenção de um afastamento subtil?
Mas o que leva as pessoas a esconderem a verdade neste contexto?
O que as impedem de comunicar as suas verdadeiras intenções de terminar o relacionamento?
Na realidade, normalmente por detrás das palavras “preciso de um tempo”, esconde-se o verdadeiro pensamento que é “quero deixar o relacionamento”.
É muito comum as pessoas pedirem um tempo, transmitindo a sensação de “confusão” nos seus sentimentos, quando na verdade o que está por detrás dessa “confusão” é já uma decisão cuja pessoa não ousa comunicar, provavelmente por medo de presumíveis reacções de agressividade ou de sofrimento por parte do outro e/ou por possível insegurança na gestão de todo o processo da separação.
Normalmente, a atitude do “preciso de um tempo” é uma forma de uma pessoa se distanciar do outro de uma forma suave e prolongada no tempo, fechando-se ao relacionamento para se adaptar à nova realidade que escolheu viver, provocando um corte da comunicação de forma progressiva, para que o colapso da relação não seja tão intenso nem tão perturbador.
Será possível sentirmos dúvidas sobre o amor que sentimos por alguém?
No amor real existe espaço para dúvidas acerca do que sentimos?
A expressão “ou se sente ou não se sente”, faz algum sentido para si?
É importante entender que, normalmente, o “preciso de um tempo” não serve para a pessoa “entender o que sente”, não serve para “distanciar-se para saber se sente a falta”, não serve para “reencontrar-se consigo mesma”, não serve para “organizar as ideias acerca do que sente” nem serve para “renovar energias”. Normalmente tem como objectivo a separação definitiva, de acordo com estudos realizados pela psicóloga e especialista em relacionamentos, Lidia Alvarado.
É importante entendermos de uma vez por todas que se uma pessoa tem dúvidas acerca do que sente por outra pessoa ao fim de algum tempo, é sinal que os sentimentos dessa pessoa mudaram ou até já não existem.
O sentimento de amor ou existe ou não existe!
Não há que reflectir nada sobre se sentimos amor ou não, apenas há que sentir!
Ou se ama ou não se ama! E se existem dúvidas, provavelmente não existe amor.

Mas para quem tem esperança de voltar a estar com a pessoa amada que decidiu pedir um tempo, como deve de actuar?
A pessoa que vive os dias a esperar a resposta da outra pessoa é a que sofre mais, já que enfrenta a espera e a incerteza do futuro da relação.
Neste caso, o que sugiro é que a pessoa que espera refaça a sua vida, contactando com outras pessoas, desde amigos até familiares, envolvendo-se no meio e no contacto social, criando assim oportunidades de conhecer pessoas maravilhosas!
O importante é a pessoa não ficar numa atitude de espera por uma pessoa que tem dúvidas sobre se quer ou não estar no relacionamento.
Uma pessoa com baixa auto-estima sente-se devastada pelo término da relação, não assumindo a situação real de que a relação terminou, mantendo-se numa atitude de espera por uma segunda oportunidade, enquanto o tempo passa e nada se passa na estática decisão de uma espera destrutiva da vida do coração...
Quem é seguro de si mesmo não tem medo de ficar sozinho e sabe o valor que tem!
Quem mantém o mínimo de equilíbrio emocional interpreta perfeitamente os sinais que se manifestam por detrás das palavras “preciso de um tempo”, que na realidade querem dizer “tenho dúvidas sobre a relação e provavelmente vou deixar-te”.
Portanto, é realmente indispensável trabalhar a auto-estima, uma vez que é natural que qualquer pessoa se sinta abalada perante algo que não desejava que acontecesse.
Saliento ainda que algumas vezes o casal que se afasta pode retomar o relacionamento em pouco tempo.
Na maioria das vezes, quando isto acontece é mais pela necessidade de não estarem sozinhos do que propriamente por amor ao outro.
No entanto, destaco que isso não significa que todas as relações em crise e que passam por um pedido de um tempo, estejam automaticamente destinadas à separação definitiva.
Pode até acontecer que ambas as partes embarquem numa aventura individual de evolução, num processo de desenvolvimento pessoal em que cada um segue a sua jornada particular de preparação para as realizações do coração.
Neste período de afastamento, é muito importante não haver contacto entre as duas pessoas, pois na ausência de contacto a dor vai diminuindo, permitindo focar na evolução pessoal e na consecução de projectos pessoais muitas vezes esquecidos há muito tempo.
Pedro Gomes - Especialista em relacionamentos e processos de gestão emocional
+ Life Coach (célula profissional Nº S495-2017PT), Instituto Ciências Comportamentais e de Gestão, Porto Portugal
+ Especialista em PNL com especialização em foco terapêutico e emocional, Instituto Ciências Comportamentais e de Gestão, Porto Portugal
+ Formador certificado, Instituto Emprego e Formação Profissional, Porto Portugal
+ Especialista em Inteligência Emocional, Universidad Isabel I, Burgos España
+ Master em Psicologia Holística, Escuela de Postgrado de Psicología y Psiquiatría, Madrid España
+ Especialista em Sinergologia Aplicada à Comunicação, Coaching Camp Logroño Espanha
+ Especialista Inteligência Emocional Neurociência VEC, Emotional Network, Bilbao España
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